Nós - jovens de 18 a 30 anos - nascemos na chamada “geração botão”. Os esforços foram poupados, tudo se tornou automatizado, fácil, intuitivo. Isso gerou uma explosão tecnológica como jamais imaginada, muito diferente do que pensado no fim da década de setenta/início dos anos oitenta.
Não é mais necessário abrir um dicionário para procurar as palavras. Traduzir um texto de um idioma estrangeiro, seja lá qual for, é uma tarefa surpreendentemente fácil. Pesquisar em uma enciclopédia, então? Lembro claramente das tardes fazendo trabalhos de escola, tirando fotocópias de livros, revistas e publicações especializadas para completar minha lição. A digitação, na época, era feita em máquinas de escrever. Guardo com orgulho até hoje meu diploma de datilógrafo, que conquistei fazem muitos e muitos anos.
Com o advento da internet, todos abraçaram a tecnologia online, que cresceu de forma exponencial. Tão exponencial, que substituiu diversos recursos outrora tidos como indispensáveis, permitindo a troca de informações de forma instantânea. Vale notar, porém, que “informação” não necessariamente implica em verdade ou mentira, correto ou incorreto, e assim por diante.
Com essas novidades nos agarrando pelos cabelos, tornamo-nos reféns da tecnologia. E com isso, preguiçosos. Para que andar até o banco, se podemos pagar contas em casa? Conforto! Para que ligar o rádio, se posso ouvir música online? Facilidades! E ainda: para que ler, expandir seus conhecimentos, agregar cultura e informação, se tudo o que me interessa está fechado em um mundinho isolado, onde tudo está sempre correto, e sou soberano?
É esse o pensamento fechado que acaba deturpando o modo de pensar de muitas pessoas. Escrever errado miraculosamente torna-se algo respeitável, bonito e fashion, ao passo que uma correta construção de frases ostenta um ar de babaquice, como se os defensores fiéis da língua e da gramática fossem nerds. Abusar de neologias, abreviações e decompor nossa forma de comunicação parece ser algo moderno, e a mídia muitas vezes pratica isso para gerar polêmica ao redor de um modismo que deveria ser passageiro, e não se embrenhar em nossa cultura de forma tão penetrante.
É fácil identificar diversos sujeitos que abraçam essa ideologia, principalmente em fóruns de internet. Cada um defende ardorosamente sua forma de pensar, não aceitando qualquer mênção de dúvida ou oposição, causando uma guerra ideológica sem fundamentos. Isso não se isola apenas ao mundo dos games (PS3 vs 360 vs Wii). Isso existe entre colecionadores, audiófilos, vendedores, técnicos… existem falsos profetas em todos os ramos possíveis e imagináveis.
O verdadeiro ponto a ser abordado é o total (ou pelo menos parcial, para começar) desligamento com qualquer tipo de preconceito, e uma predisposição para aprender outros assuntos. Não é feio homem saber cozinhar. Não é errado uma mulher lutar boxe. Você não se torna mais ou menos homem se auxiliar à esposa (ou mãe) nas tarefas domésticas. Videogame não é “joguinho para desocupados”. Desenho animado não é “para crianças”. Manual não é apenas um papel dispensável que vem dentro da caixa, acompanhando os produtos. Revistas não são feitas apenas de fotos e legendas.
Explore outros âmbitos de sua vida, procure novos hobbies - eternos ou passageiros - e descubra formas de entretenimento variadas, que não necessariamente sejam relacionadas ao seu emprego ou assunto favorito. Prove novas culinárias. Visite novos lugares, mesmo em sua cidade: um novo shopping center, por exemplo, pode ser um lugar interessantíssimo para conhecer novas lojas, produtos e até mesmo para apreciar a arquitetura do local.
Observe tudo ao seu redor, preste atenção às minúcias da vida e descubra algo bacana até mesmo nas pequenices do dia-a-dia. Não seja ignorante, e não pense ser dono da verdade. A geração botão deve romper com essa preguiça, prepotência e narcisismo, pois em breve ficarão tão acostumados em (tentarem) ser o centro de um universo fictício, que nem mesmo vontade de apertar botões terão mais.
Facilidades providas pela tecnologia são formas de auxílio, e não uma forma de vida. Pessoas mentalmente sedentárias não são bem vindas no futuro que eu busco para meus filhos. Acabar com o pensamento que “brasileiro não lê manual” e “não gosta de ler” é nosso dever. A informação nos traz poder, além de gratificação.
Aprenda mais, tenha discernimento, e seja uma pessoa melhor - na vida pessoal, ou profissional.
E, é claro, divirta-se! Você já foi ao teatro este mês?
...o conteúdo que vc acabou de ler não é de minha autoria, foi COPIADO do link
http://jornalismodegames.wordpress.com/2007/03/22/a-geracao-botao/
eu achei que se encaixa perfeitamente em meu contexto ....parabéns ao autor Orlando Ortiz...